Lançamento do livro: Quando o céu e o mar se encontram

No dia 16 de março de 2019 aconteceu, na Floresteria - São José dos Campos, o lançamento do livro "Quando o céu e o mar se enco...

segunda-feira, 25 de março de 2019

Lançamento do livro: Quando o céu e o mar se encontram



No dia 16 de março de 2019 aconteceu, na Floresteria - São José dos Campos, o lançamento do livro "Quando o céu e o mar se encontram" escrito por mim, Kelem Zapparoli.


   Este livro é destinado ao público infantil e sua história aborda o tema da adoção com inspiração na Pedagogia Waldorf e na Educação Sistêmica.
   
  
   A Pedagogia Waldorf me ensinou que a história tem um poder de cura. Ela atinge o coração muito antes da razão. Já a educação sistêmica me ensinou a importância de sermos gratos aos pais biológicos.


   A Educação Sistêmica ou Pedagogia Sistêmica tem como base os estudos sobre a constelação familiar do terapeuta alemão Bert Hellinger que descobriu, através da convivência com uma comunidade Zulu, as 3 leis do amor. Leis naturais e inconscientes que regem nossos relacionamentos (pertencimento, ordem e equilíbrio).

     Mas como o professor pode usar este conhecimento em sala de aula?
   A educação nesta abordagem, traz uma nova postura aos professores. Uma delas é a de concordar com a história de cada um do jeito que ela é (pais e alunos). Sem ter pena e nem julgar. Agindo assim o professor colabora com a fluidez do fio invisível que une pais e filhos: o fio do amor.

   Mas o livro fala de adoção e não possuo nenhum aluno nesta condição!
  Apesar do livro abordar uma temática específica ele pode ser útil  para todas as crianças, pois fala de família, da importância dos pais biológicos e que devemos amá-los sem julgamentos, aceitando que sua maneira de ser e agir é o seu melhor jeito de ser dentro das limitações que possui. Afinal, quem não possui limitações?

 

  

Acessibilidade nas histórias

  


 Esta história foi adaptada e apresentada por um grupo de alunas do curso Jogos teatrais e contação de histórias, ministrado por mim no ano de 2017.
   A apresentação foi organizada e adaptada para promover o acesso da pessoa com deficiência visual na contação de histórias.
   A proposta foi fundamentada na ideia de teatro dos sentidos para explorar as sensações do público que estava todo de olhos vendados.
   No final da apresentação todos foram convidados a uma atividade ao ar livre para descobrirem qual era a árvore a que se referia a história







A grande semente

Chegou o outono...
O vento sopra (tecido)
Levanta as folhas e as sementes acima da terra carregando-as para bem longe. (Barulho de vento nas folhas)
Entre elas há uma semente que é grande e dura. Tem outras que são menores.
Uma semente voa alto, maia alto que as outras.
Voa tão alto que se queima com os raios de sol... mas a grande semente continua sendo carregada pelo vento (vento)
Outra semente cai sobre as folhas secas. Vem um pássaro (folhas) e bica a grande semente.
O vento volta a soprar (vento). E as sementes voam novamente.
A grande semente cai sobre a terra fofa. Logo vem a chuva e deixa a terra molhada (spray)
A sementinha adormece...
Veio a primavera e as sementes cresceram... cresceram, cresceram e (ploc – barulho de um saco estourando) viraram lindas flores.
A grande semente também cresceu e se tornou uma bela árvore com tronco áspero, belas flores e folhas minúsculas.
Ela era tão linda que até as trepadeiras agarravam-se nela e também cresciam com suas folhas  e cipós que enfeitavam ainda mais a bela árvore.
Suas sementes se abrigavam em favos que serviam à arte: fechados eram como chocalhos e abertos podia-se produzir o som do reco-reco...ou servir de espada na imaginação de garotos.
Logo o outono chegou novamemte. Suas folhas foram ficando amarelas e caindo no chão. Suas flores também.
E o vento? Ah! Este soprou novamente, levou as novas sementes para outra viagem...assim o ciclo recomeça e nossa história termina, mas recomeça em outro lugar...lá fora.




Teatro-educação: a importância do teatro na aprendizagem da criança



O teatro na educação tem a função de desenvolver as potencialidades expressivas da criança e não, o uso para encenações de datas comemorativas ou encerramento de projetos, como é visto em muitas escolas. Sem dúvida nenhuma esta atitude também é válida, mas o essencial do teatro-educação não é o produto final, mas sim, o que foi conquistado ao longo das atividades. 
            Entendendo o teatro desta maneira mais ampla vamos analisar a criança e sua evolução na representação:
            A primeira manifestação expressiva da criança inicia-se na expressão de seus desejos. A externalização de sentimentos, emoções e estados íntimos  do bebê, facilitarão os cuidados maternos (ex: chorar quando tem fome ganha o leite) e posteriormente serão intencionais criando a comunicação entre a mãe e o bebê.
            Por volta dos 12 meses de idade, observamos outra manifestação expressiva: o desenvolvimento dos gestos simbólicos, onde a criança revive uma cena com seus gestos ninando a boneca ou fingindo que está dormindo quando lhe é solicitado.
            Aos poucos vão refinando sua expressividade de acordo com a sua evolução simbólica.
            Agora vamos analisar o que o Referencial de Educação Infantil nos fala sobre o desenvolvimento expressivo da criança:
            Esta habilidade poderá ser encontrada no eixo sobre movimento, mencionando a importância das expressões corporais para a criança se apropriar da cultura corporal do meio em que vive.
A expressão “cultura corporal” está sendo utilizada para denominar o amplo e riquíssimo campo da cultura que abrange a produção de práticas expressivas e comunicativas externalizadas pelo movimento.



OBJETIVOS (apenas o que se refere à expressividade)
Crianças de zero a três anos
A prática educativa deve se organizar de forma em que as crianças desenvolvam as
seguintes capacidades:
• familiarizar-se com a imagem do próprio corpo;
• explorar as possibilidades de gestos e ritmos corporais para
expressar-se nas brincadeiras e nas demais situações de
interação;

Crianças de quatro a seis anos
Para esta fase, os objetivos estabelecidos anteriormente deverão
ser aprofundados e ampliados, garantindo-se, ainda, oportunidades para que as crianças
sejam capazes de:
• ampliar as possibilidades expressivas do próprio movimento,
utilizando gestos diversos e o ritmo corporal nas suas
brincadeiras, danças, jogos e demais situações de interação;


É muito importante para o desenvolvimento da inteligência emocional, que a criança aprenda a discernir as expressões faciais das pessoas, bem como o tom da voz. Assim, ela vai aprendendo a perceber os sentimentos das mesmas.
Devemos estar sempre em alerta com a nossa expressão, pois oferecemos repertório para a aquisição de gestos e posturas pela criança, tanto intencionalmente, quando dramatizamos uma história com gestos expressivos e tom de voz, como nos gestos da comunicação do dia-a-dia.

            O que nos fala o PCN sobre o teatro:

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais o termo teatro já é empregado e nele é colocado que o ato de dramatizar já é comum do homem. “Ao observar uma criança em suas primeiras manifestações dramatizadas (o jogo simbólico), percebe-se a procura na organização de seu conhecimento do mundo de forma integradora. A dramatização acompanha o desenvolvimento da criança como uma manifestação espontânea, assumindo feições e funções diversas, sem perder jamais o caráter de interação e de promoção de equilíbrio entre ela e o meio ambiente”. Brasil, 1997 (PCN)
            Ao participar de atividades teatrais o indivíduo aprende a se colocar no lugar do outro, habilidade fundamental para o desenvolvimento do respeito e  tolerância.
A criança, ao começar a freqüentar a escola, possui a capacidade da teatralidade como um potencial e como uma prática espontânea vivenciada nos jogos de faz-de-conta. Cabe à escola estar atenta ao desenvolvimento no jogo dramatizado oferecendo condições para o exercício consciente e eficaz, para aquisição e ordenação progressiva da linguagem dramática. (utilizar seu conhecimento do faz-de-conta, para aprimorar a técnica).
No ensino fundamental o aluno deve desenvolver um maior domínio do corpo, tornando-o expressivo, um melhor desempenho na verbalização, uma melhor capacidade para responder às situações emergentes e uma maior capacidade de organização e domínio de tempo.
O teatro na educação, também favorece o desenvolvimento de habilidades emocionais, cognitivas e sociais, como pode ser observado na tabela abaixo:








Aspectos cognitivos
Aspectos afetivos
Aspectos sociais
  • Melhora a concentração;
  • Melhora a memorização;
  • Favorece a rapidez no raciocínio (ex: improvisação);
  • Favorece a oralidade, a leitura e a interpretação
  • Desperta a iniciativa;
  • Favorece a desinibição;
  • Favorece a auto-confiança;

  • Proporciona a vivência grupal;
  • Propicia a cooperação;
  •  


Sugestões de atividades na Educação Infantil:

Crianças de 1 à 3 anos –
·         Explorar bastante as atividades em frente ao espelho (corpo inteiro), para o desenvolvimento da consciência do eu;
·         Músicas com gestos, principalmente as que falam do próprio corpo. Ex: Jacaré, Boneca de lata, etc;
·         Brincar de fazer caretas, imitar bichos.
Crianças de 4 à 6 anos
·         Aumentar o grau de dificuldade das brincadeiras anteriores e manter as atividades com espelho agora acrescentando maquiagem, acessórios, fantasias, etc;
·         Brincadeiras de roda, Brincadeiras tradicionais com expressão corporal (A linda rosa juvenil, quando eu era neném, etc);
·         Dança, mímicas (imitar uma flor nascendo, jogos de adivinha com mímica).


Procurar bibliografia do Mário de Andrade que estudou danças populares e dramáticas brasileiras


Sugestões de atividade no Ensino Fundamental
Neste estágio vamos tornar seu jogo dramático mais técnico, além de manter em alguns momentos apenas o caráter lúdico, principalmente no início.

·         Brincar livremente com brinquedos simbólicos (casinha, médico, mercado);
·         Atividades preparatórias para uma encenação (concentração – fila indiana, espelho; oralidade e entonação – telefone com defeito, música: Mariana; falas que aumentam à medida que o professor se afasta; criatividade e improviso – teatro dos braços, entrevista; expressão corporal – dança, passeio ao pântano, zoológico, peso, corda bamba*; relaxamento – boneco de cera, de neve, balançar como as folhas de uma árvore, correr como um rio, voar como uma gaivota, cair como um raio etc.
·         Dramatizações coletivas: construção de uma casa, confecção de uma pipa (duplas), criar uma história com personagens conhecidos, etc.
·         Auto avaliação: cada criança vai dar uma nota para o seu comportamento naquele dia ou naquela semana e contar porquê (se quiser). (carinhas)
* No jogo dramático a situação é delineada, mas a ação resulta de pura improvisação em seu decorrer.

A seqüência de uma aula de teatro concentração-dinâmica-relaxamento-auto-avaliação
Cuidados durante a apresentação: posição em palco, cena congelada, seleção dos atores,etc.
 Pesquisa, elaboração e utilização de cenário, figurino, maquiagem, adereços, objetos de cena, iluminação e som, elaboração e utilização de máscaras, bonecos e de outros modos de apresentação teatral.
 Seleção e organização dos objetos a serem usados no teatro e da
participação de cada um na atividade.
 Criação  ou escolha de textos e encenação com o grupo.
Inicialmente, os jogos dramáticos têm caráter mais improvisacional e não existe muito cuidado com o acabamento, pois o interesse reside principalmente na relação entre os participantes e no prazer do jogo.
Como avaliar a evolução do aluno?
Observar se desenvolve a habilidade de concentração, expressão corporal (no início geralmente é mais tímido e sem expressão), se respeita as regras, se melhora sua expressão oral, se interage com os colegas e dá sua opinião.

Referências bibliográficas

Brasil.  Parâmetros curriculares nacionais. arte. Secretaria de Educação Fundamental.  Brasília. MEC. 1997.
Brasil. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Secretaria de Educação Fundamental.  vol. 3. Brasília. MEC. 1998.
Diniz, G. Psicodrama pedagógico e teatro-educação. Seu valor psicopedagógico. Icone. São Paulo. 1995. 
                       
                       Kelem Zapparoli (2009)



Contando histrórias...trava línguas

   Na contação é importante a boa articulação da fala para a compreensão das histórias. Abaixo seguem algumas sugestões de trava línguas e alguns exercícios de articulação.

Trava língua

  1. Num ninho de mafagafos há sete mafagafinhos. Quando a mafagafa gafa, gafam os sete mafagafinhos.
  2. Trazei três pratos de trigo para três tigres tristes comerem.
  3. A aranha arranha a rã. A rã arranha a aranha. Nem a aranha arranha a rã. Nem a rã arranha a aranha.
  4. O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem, o tempo respondeu ao tempo que o tempo tem o tempo que o tempo tem.
  5. O Rato roeu a rica roupa do rei de Roma! A rainha raivosa rasgou o resto e depois resolveu remendar!
  6. Em rápido rapto, um rápido rato raptou três ratos sem deixar rastros.
  7. O sabiá não sabia que o sábio sabia que o sabiá não sabia assobiar.
  8. A Iara agarra e amarra a rara arara de Araraquara.
  9. Fala, arara loura. A arara loura falará.
  10. Quem a paca cara compra, paca cara pagará.
Exercício

  1. Colocar uma caneta ou lápis na boca e cantar uma música ou declamar um poema
  2. Falar articulando bem a boca
  3. Fazer exercícios com a língua, imitando telefone tocar

Contando histórias...Cuidados com a voz


   Alguns cuidados são necessários para manter a voz em bom estado, principalmente para quem a usa profissionalmente.
    O que evitar:
   A fumaça quente do cigarro agride todo o sistema respiratório e, principalmente, as pregas vocais causando irritação, pigarro, tosse, edema, aumento de secreção e infecções; a fumaça agride diretamente a mucosa que protege as pregas, aumentando o muco e provocando pigarro, favorecendo irritação e alteração na voz.
    O álcool causa irritação semelhante à produzida pelo cigarro; embora a pessoa que ingere álcool sinta-se mais solta, há uma leve anestesia na faringe, e pode-se abusar da voz sem que se perceba.
    Quando passa o efeito, pode-se sentir ardor, queimação e voz rouca e fraca. As drogas inalatórias ou injetáveis tem ação direta sobre a laringe e a voz, podem alterar a mucosa e causar lesões no septo nasal.
Se você sofre de problemas nas vias respiratórias, evite umidade, mofo, poeira, agasalhos de lã, perfumes, inseticidas, desinfetantes, tintas frescas e tudo que possa desencadear suas crises.
Bebidas geladas ou quentes agridem o muco, se não dá para evitá-las deixe ums segundos na boca antes de engolir; café altera o sistemanervoso e agride o muco pelo calor; leite e chocolate aderem ao muco; balas, pastilhas e sprays podem mascarar a dor do esforço vocal, prejudicando as mucosas. Roupas apertadas na cintura e no pescoço impedem a livre movimentação do diafragma e da laringe.
   Pigarrear e tossir com frequência contribui para alterações nas pregas vocais, pelo atrito. Melhor inspirar e engolir a saliva, tomar água e fazer gargarejos para limpar a garganta. Mudanças bruscas de temperatura e o ar condicionado, favorecem alterações na mucosa.
 O que podemos fazer:
·         Tomar água na temperatura ambiente antes, durante e depois da apresentação, para repormos os sais perdidos pelo esforço e hidratarmos as pregas vocais.
·         A maçã é excelente para a voz, auxilia a limpeza da boca e da faringe;
·          Fazer relaxamento, alongamento e aquecimento do corpo e pregas vocais antes de cada apresentação, por quinze minutos.
·         Cantar de barriga vazia cansa e de barriga cheia atrapalha a movimentação do diafragma.
·         Dormir bem, pois a voz necessita de energia e do corpo descansado.
·         Tomar muita água
·         Manter a melhor postura da cabeça e do corpo durante a fala ou canto.

domingo, 24 de março de 2019

O poder das histórias

   Ler e contar histórias são atividades muito importantes tanto para adultos como para crianças e jovens. Elas trazem inúmeros benefícios: reforçam o vínculo com o leitor/contador, estimulam a criatividade, auxiliam no desenvolvimento da linguagem e processo de alfabetização, tem poder terapêutico e curativo.

   Pesquisas mostram que crianças que ouvem histórias desde pequenas, tem melhores índices de vocabulário aos 3 anos de idade.    A alfabetização também é auxiliada. Estudos sobre o processo de aprender a ler indicam que entender a mensagem de uma história é tão importante quanto a alfabetização formal.
   Livros também são capazes de tornar os leitores mais extrovertidos e atentos às emoções das pessoas com as quais convive.  Por meio das histórias se desenvolve a empatia, pois o leitor aprende a se colocar no lugar dos personagens.
   Os benefícios também são de longo prazo. Crianças que convivem com boas histórias na primeira infância, tendem a mostrar mais motivação escolar aos 7 anos, menores índices de repetência as 14 anos e melhores níveis sócioeconômicos aos 42.
   As histórias podem ser contadas ou lidas e as duas situações apresentam benefícios:
       A contação exerce influência no aspecto intelectual e emocional, estimula a curiosidade, a imaginação, a atenção, amplia o repertório linguístico. Já a leitura possibilita, além destas competências,a aprendizagem de comportamento leitor permitindo que elas construam uma rede de significados que  as auxiliará a compreender melhor as estruturas da leitura e da escrita.


   Porém, mais do que o desenvolvimento das competências destacadas gostaria de ressaltar o poder terapêutico das histórias. De acordo com Susan Perrow, autora do livro Histórias curativas para comportamentos desafiadores, as histórias tem um potencial curativo e ajudam a trazer o equilíbrio de volta tanto a adultos como a crianças. Para ela, "Quando nada mais consegue encontrar caminhos, as histórias chegam direto ao coração".
Kelem Zapparoli
Pedagoga e escritora